Quanto é a rosa?

Andando.

Com pressa.

Como quem não é leve.

Como quem se esqueceu de que é rica de

Tempo

Corpo

Amigos.


Eu corria

Apressada.

Para acompanhar o ritmo das amigas. 

Com medo de ser deixada para trás, 

E numa vontade de fazer durar aquele momento

Eu pergunto:

“Moço, quanto é a rosa?”

Queria levar a beleza dela comigo.

Queria fazer durar meu tempo com ela pelo caminho.

Ao invés de fazer o que realmente queria:

Parar, contemplar e conversar com o preto velho que a vendia.


“Boa pergunta moça, quanto é a rosa?”

Ele me respondeu.

TUM.

Peito cheio de alegria e espanto pela sabedoria daquele senhor.

Sentado em Ipanema,

Vendendo rosas em muitos baldes,

Seu rolê não é vender,

Seu rolê são as rosas.

Elas não tinham preço.

Elas eram rosas. 

Quanto era a rosa? 

Seu preço estava em minhas mãos.

Na verdade, quanto a rosa valia para mim? 

Ele me colocou a pensar.


Mas eu estava com pressa.

Não queria sentir nem pensar.

Só queria fazer aquelas rosas durarem meu caminho.

Mas o moço-senhor-preto não queria vender

Queria saber quanto a rosa valia para mim. 

Eu não tinha tempo.

Estava escassa. 


Quando escassa é esse o valor da rosa para mim:

“Ah, moço, não gosto disso não”.

Dei adeus, 

E trotei até alcançar minhas amigas que já estavam na outra quadra.

Não quero atrapalhar o rolê delas

Não quero incomodar,

Pensei.


Quanto é andar correndo? 

É não saber quanto vale a rosa.


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A palavra dá conta?